Amile - 4º capítulo

Enquanto Rosana pegava seu talão de cheques em sua bolsa para pagar trezentos reais a Márcio, Ângelo aproveitou-se da distração dos dois e entrou de mansinho no apartamento. Passou pela sala e entrou no corredor. Olhou pela porta entreaberta de um quarto onde algumas garotas cochichavam.

— Até que eu gostei de Amile – falou Jaqueline para as outras garotas – ela parece ser sincera, e também é muito inocente, coitada é só uma garota de rua, sem família – completou Jaqueline.

— Apesar disso, ela é muito bonita – disse outra garota – Acho que ela vai demorar meia hora para tomar um banho. Viram o estado em que ela chegou, estava puro casco de sujeira.

— Mas quem de nós não fica meia hora debaixo do chuveiro – disse Jaqueline para a gargalhada das meninas.

Ângelo olhou a porta branca no fim do corredor e ouviu o barulho do chuveiro. Aproximou-se na porta e bateu suavemente.

— Espera um minuto já estou saindo – respondeu Amile. Ângelo bateu mais forte na porta.

— Espera um pouco! – disse novamente ela. Ângelo voltou a bater mais forte ainda na porta. Amile abriu a porta, antes que ela falasse alguma coisa, ele tampou o boca dela.

— Vamos sair agora daqui – disse Ângelo, pegando uma toalha e colocando em volta de seu corpo nu.

— Ficou louco – respondeu ela, amarrando a toalha – como você me achou.

— Agora não dá tempo, vamos sair daqui – respondeu Ângelo, pegando na mão dela, e a puxando pelo corredor.

— Quem é você? – perguntou Jaqueline, entrando na frente de Ângelo. Ele a pegou pelo braço a jogou para o lado.

— Desgraçado – gritou Jaqueline, logo todas as meninas saíram do quarto. Nesse meio tempo, Ângelo colocando Amile em seus ombros, já avançava para a porta da sala.

Rosana acabou de preencher o cheque e quando estava para entregar para Márcio, surpreendeu-se com um rapaz carregando Amile em seus ombros, a qual batia em suas costas com as mãos e retorcia suas pernas no ar, querendo soltar-se dele.

— Ele está fugindo com Amile – gritou Rosana para Márcio. Ângelo ouvindo a gritaria da perua, tratou de correr o mais rápido que pudesse para sair do condomínio. Márcio foi atrás dos dois, antes que Ângelo levasse embora sua presa.

— Me solta seu desgraçado – gritava Amile batendo nas costas de Ângelo, que desceu as escadas e correu até um táxi que o esperava do lado de fora do condomínio. Ele colocou Amile dentro e logo que entrou ordenou ao taxista: “Pisa fundo”.

Márcio correu atrás do carro em movimento, mas de nada adiantou.

— Filho da mãe – disse Márcio ofegante, apoiando-se nos joelhos e procurando recuperar a respiração. Algum tempo depois, ele ouviu o barulho inconfundível do salto alto de Rosana aproximando-se.

— Quem era aquele – perguntou ela

— Sei lá, nem vi quando ele entrou no apartamento.

— Será que não era um irmão.

— Acho que não – respondeu Márcio dando de ombros e voltando-se para Rosana.

— Talvez um namorado.

— Pode até ser, só sei que é um filho da mãe.

— Parece que eu perdi Amile – disse Rosana olhando bem nos olhos de Márcio – e você perdeu seu cheque – completou ela mostrando o cheque e depois rasgando. Márcio olhou pro chão, respirou fundo e balançou a cabeça negativamente.

— A patroa vai me matar.