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segunda-feira, 3 de março de 2008

Me fale palavras que eu lhe darei poemas




Meu nome é Luis de Morais Júnior, tenho 24 anos, sou aluno do curso de Letras das Faculdades Asmec de Ouro Fino/MG. Professor de Literatura recém-contratado em caráter probatório do curso Pré-Vestibular do Colégio Anglo de Jacutinga, funcionário público concursado como atendente, sou recepcionista do Pronto Atendimento Municipal.
Desde os nove anos que tenho paixão por literatura, e desde os 15, 16 anos que nutro essa pretensão de ser poeta e escritor. Andei por muito tempo na surdina, escrevendo versos que acreditava que só seriam lidos por mim e por pessoas muito próximas. No entanto, esta pretensão foi crescendo e passei a acreditar que um dia pudesse ter alguns textos publicados, e quiçá, vir a ser escritor por profissão e lançar alguns livros. Para isso, aprofundei-me nos estudos e passei a praticar com mais afinco, até que chegou esta oportunidade de escrever algo para este jornal.
Apresento aqui 4 poemas meus, que apresentam algumas facetas da minha poesia, e embora não representem meus escritos mais recentes, talvez sirvam como uma apresentação do meu trabalho. “O Vento” e “Amor à Musa” datam da minha adolescência, e apresentam uma temática e linguagem mais singelas e pueris, reflexo da idade, das minhas leituras na época, além é claro, da pouca experiência.
Já “Últimas Palavras” é um poema de transição. Escrito por volta dos meus 20 anos, representa um relativo abandono da temática antiga por uma mais existencialista, além de um uso mais acentuado de figuras de linguagem.
Por fim, “Rebecca”, escrito em abril do ano passado, apesar do caráter pessoal e da intenção de soar quase como uma declaração de amor, apresenta uma linguagem mais rebuscada e uma construção mais livre, características que têm sido a tônica da minha poética mais recente, e norteia minhas intenções futuras. Este poema, em especial, traz algumas referências clássicas e mitológicas, auto-ironizadas pelo próprio eu-poético, confessando a falta de total domínio do objeto ao qual se refere.
Optei por esses poemas mais antigos com a intenção de guardar os atuais para um momento mais propício, visto que pretendo, dentro de 2 ou 3 anos, fazer uma seleção e compilá-los para quem sabe publicá-los de alguma forma, mesmo que independente. Agradeço a este veículo pela oportunidade, e mando um abraço à minha família, meus amigos, e a Rebecca de S. Bittencourt Rodrigues, que tem sido como um bálsamo às feridas da minha alma.






O Vento

Escrevi amor num papel
Me apaixonei com palavras
Te amei num momento
Rasguei o papel, joguei ao vento.

O mesmo vento que levou o papel
Levou saudade e agitou seus cabelos
Te lembrou um tempo de infância
Ergueu uma pipa no céu.

Moveu as folhas de uma árvore
Fez um rodamoinho na areia
Embalou o vôo de um pássaro
Fez tremular uma bandeira

Atravessou todo continente
Soprou a água do mar e moveu o barco
Provou que estou errado
Em achar que não existe Deus.





Amor à Musa

Amo as flores
Com o coração de menino
Assim mesmo como Sabino
Um viramundo que vê o mundo
Com olhos fantasiosos, bucólicos

Amo os animais
Assim de longe, como quem se espanta
Tentando buscar na infância
A maravilhosa virtude de se surpreender
Amem ao renascer, ao amanhecer, e ora pois, ao sofrer

Amo a cidade
Com sua estranha poesia concreta
Desde sempre espiei pelas frestas
Buscando a poética por vezes perdida
Entre carros e casas, tristes esquinas.

Amo as pessoas
O homem que vende sonhos
A criança que inocente sonha
A mulher que me faz sonhar
E o poeta, que me ensina a amar.

Amo, por fim, o impossível
O inconstante, imprevisível
Do certo não se faz bons versos
E sim dos sonhos, dos delírios
Nascem frases, estrofes, bons livros.




Últimas Palavras

Na solidão da noite ofusca
O coração lanterna luz difusa
O afogamento de lágrimas de sangue
Entre palavras dos livros na estante.

Esconde o sorriso que ele não existe
Deixou de existir neste momento apenas
Acende um cigarro pelo filho
Joga a comida fora, devora a centelha

Ninguém ordenou, tu és por acaso
Este desajuizado que remói tristezas
Figura triste de um louco poema
A ser projetado na tela do cinema

Reza um pai-nosso e uma ave-maria
Quem com fé espera, sempre alcança
Chegar a hora de ir-se embora
Levando consigo o perfume de rosas

E o amanhã, afiado como uma faca
Virá sem pena cortar as cabeças
E então tens que estar preparado
Pra cumprir sem medo a sua sentença.

Acertar com Deus com dignidade
As contas das suas doces diferenças.




Rebecca

Teu nome é lindo, bíblico
Encanto de serpente, anjo indecente
Pecado?
Talvez te amar seja a minha sina
Quem sabe até um triste fardo
Uma peça do destino, fatal
Mas gostaria de ser imortal
Nas asas de meu desejo
E me aproveitar do ensejo
De poder ser poético
Mesmo diante do trivial

Quando te abracei
Na manhã de um belo domingo
Meio triste e meio sorrindo
Senti-me como se esmagasse flores
E me vi novamente vítima dos meus amores
E te entreguei o que de minha alma restava
Ela que mesmo eu ainda estando vivo
Errante e amarga, já penava

Estou me cansando paulatinamente
Destes meus versos tão trágicos
Então procuro lembrar do momento mágico
Em que pela primeira vez meus lábios tocaram os seus
Aquele momento foi como um adeus
Às intermináveis noites de solidão
E desde então embriago-me com a paixão
Com a qual substituí o vinho
Estou cansado de Dionísio
Quero agora descansar com Afrodite
Por favor, amor, acredite

Teus olhos negros são tão profundos
Quanto os versos do poeta Catulo
E eu com minhas escassas
Referências à era clássica
Sinto por ti um amor épico
Com a benção de Deus e de Eros
E espero de meus herdeiros
A semente da coragem de um guerreiro
Que com um amor sincero
Iremos em seus corações plantar.

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