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segunda-feira, 17 de março de 2008

Um Poeta No Rock



Por Luis de Moraes Júnior

James Douglas Morrison nasceu em Melbourne (Florida) em 8 de dezembro de 1943. Posteriormente conhecido como Jim Morrison, liderou a banda de rock The Doors, uma das mais importantes da história do rock, e segundo vários especialistas, a que melhor sintetizou os anos 60.
Já na adolescência, Jim se destacava como sendo um aluno extremamente inteligente, suas altas médias em todas as matérias o colocou mais de uma vez no quadro de honra da sua escola. Estudou profundamente a filosofia de Nietzsche, cujo pensamento errante e profético, fundamentado na tradição dionisíaca-apolínea dos antigos gregos, o influenciaria não apenas na concepção ritualística de seu futuro grupo musical como na sua postura de vida. Leu tudo de Kerouac, Ginsberg e todos os demais escritores beats, além de Baudelaire, Verlaine e outros poetas simbolistas franceses. Em sua cabeceira estavam Ulisses, de James Joyce e The outsider, de Colin Wilson, e o primeiro livro que o impressionou foi On the road, de Jack Kerouac, sobre a geração beat.
Mas o poeta que realmente o impressionava, tanto por sua poesia quanto por sua vida bizarra, era o adolescente maldito Rimbaud. Outra inegável influência literária que o entusiasmava por este tempo era o poeta vidente inglês William Blake, cuja famosa citação sobre “as portas da percepção” (The doors of perception) serviria para batizar o grupo The Doors.
Aos vinte anos, matriculou-se na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, no curso de cinema, onde teve como colega de classe Francis Ford Coppola (diretor consagrado de clássicos como Apocalypse Now e o Poderoso Chefão). Nesta época, Jim morava sozinho em um sótão, onde escrevia e guardava uma série de poemas, muitos dos quais viriam a ser letras de música algum tempo depois.
Foi em 1966, aos 22 anos, que encontrou Ray Manzarek (músico e também estudante de cinema) e após mostrar-lhe algumas de suas letras, resolveram fundar o grupo The Doors. Começaram a tocar num clube de Los Angeles, onde o diretor de uma pequena gravadora após tê-los assistido, lhes ofereceu um contrato para gravar. Em 1967, o LP The Doors é lançado, sendo um grande sucesso de público e crítica. Até hoje a música “Light my fire”, presente neste disco, é tocada nas rádios por todo o mundo.
De 1967 a 1971, Jim gravou seis discos de estúdio com sua banda e lançou dois livros, até a sua morte em Paris, aos 27 anos.
Jim Morrison era o que se chama de um artista semiótico, tinha conhecimento de várias artes como o cinema, música, literatura, teatro e dança. Suas letras na verdade eram poemas de grande qualidade e valor artístico, as apresentações dos Doors eram muito mais do que simples shows, eram verdadeiros rituais, onde o vocalista cantava, declamava, dançava, interpretava e fazia discursos de cunho filosófico e político, incitando o público a se libertar dos grilhões que cerceiam a liberdade, e a serem eles mesmos. Ele vivia sua arte não apenas no palco, como também no dia a dia. Jim viveu intensamente uma vida de escândalos e abusos de todo tipo, o que lhe custou muito caro. Não apenas morreu muito jovem em circunstâncias obscuras, como também teve sua imagem de artista arranhada pelo seu estilo de vida. Infelizmente, a maioria das pessoas (inclusive seus fãs) prefere lembrar-se dele como o roqueiro autodestrutivo e porra-louca ao grande artista que foi.
Diferente de artistas como Bob Dylan e Renato Russo, que são poetas do rock por escreverem letras que podem ser consideradas poesias, Jim Morrison era um poeta no rock, pois sua principal intenção era ser reconhecido como poeta, usando a música como meio para divulgar sua obra. Ele próprio dizia ser um rockstar por acaso, e fazia parte de seus planos se desvencilhar desta imagem. Pena ter morrido antes.
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Celebration of the lizard -
poema traduzidoA Celebração do Lagarto

Leões errantes nas ruas, cães no cioRaivosos espumantesBesta enjaulada no centro da cidadeO corpo de sua mãeApodrecendo no chão do verãoEla fugiu da cidade
Desceu para o sul, cruzou a fronteiraDeixou o caos e a desordem pra trás
Acordou certa manhã num hotel verdeCom um estranho ser sibilando ao ladoO suor saía por sua pele reluzente
Estão todos aí?A cerimônia vai começar!Acorde!Você não consegue lembrar onde estava.Este sonho já havia terminado?
A serpente era de ouro esmaecido vítrea e enroscadaReceávamos tocá-laOs lençóis eram prisões quentes e letais e ela ao meu ladoNão era velha...jovemSeu cabelo ruivo escuroPele branca e maciaAgora, corre até o espelho do banheiroOlha!
Aí vem elaNão posso vivenciar cada lento século de seu movimentoMe abaixo e encosto a face nos ladrilhosSinto o bom sangue frio e espetanteSuave sibilo das serpentes da chuvaCerta vez fiz um joguinho

Regressar rastreando em meu cérebro
Sabe de que jogo estou falandoÉ o jogo chamado "fique louco"
Agora tente este joguinhoFeche os olhos, esqueça seu nomeEsqueça o mundo, esqueça as pessoasE juntos ergueremos um novo campanário
Este jogo é divertidoFecham-se os olhos e não tem como perderEstou bem ali vou tambémDesligue o controle, romperemos as barreiras
Mergulhar longe, fundo no cérebroMergulhar no passadoContornando minha dorAté as paragens onde jamais choveA chuva cai suavemente sobre a cidade
Sobre a cabeça de todos nósNo labirinto das correntesNo fundo, a presença extraterrestreDos inquietos habitantesDas serenas colinasAbundância de répteisFósseis, cavernas, glaciares
Cada casa repete o mesmo moldeJanelas cerradasCarro selvagem trancado, desafiando a auroraTudo dormeSilentes as tapeçarias, espelhos vaziosPó velado sob as camas dos legítimos casaisEnrolados nos lençóisE suas filhas arrogantesCom olhos de sêmem nos bicos dos seios
Espere!Houve aqui uma chacina(não pare pra falar e olhar em volta)Abandonaremos a cidadeNa debandada geralSó com você quero partir
Não tocar a terraNão olhar o solNada resta senãoCorrer, correr, correrVamos correrCasa na colinaLua imóvelSombras das árvoresAtestam a veloz ventaniaCorre comigo, meu bemVamos correr
Corre comigoCorre comigoCorre comigoVamos correr
Mansão aconchegante no cimo da colinaQuartos ornados com todos os confortosRubros os braços dos sofás luxuriantesE de nada saberá enquanto não entrar
No carro do motorista, o cadáver do presidenteRonca o motor em graxa e alcatrãoVamos, pois não iremos muito longeAo distante oriente encontrar o czar
Muitos marginais moravam ás margens do lagoA filha do pastor é apaixonada pela serpenteQue vive num poço a beira da estradaAcorde menina! estamos chegando!
Sol, sol, solArde, arde, ardeLua, lua, luaTe pegareiLogoLogoLogoSou o rei lagartoPosso fazer tudo!
DescemosRios e autoviasDescemos pelasFlorestas e cascatasDescemos porCarson e SpringfieldDescemos porPhoenix enfeitiçadosPosso lhe contarOs nomes do reinoPosso lhe contarAs coisas que já sabe
Tentando escutarUm bocado de silêncioSubindo os vales até as sombras
Por sete anos habiteiO palácio desgarrado do exílioPraticando jogos bizarrosCom as moças da ilhaRegresso agoraAo país do belo e forte e sábioIrmãos e irmãs da floresta esmaecidaÓ crianças da noiteQual de vós participará da caçada?Eis que a noite retorna com suas púrpuras legiõesRecolham-se as tendas e aos devaneiosAmanhã entraremos na cidade onde nasciQuero estar preparado.

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