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segunda-feira, 17 de março de 2008

Mentes Nubladas


ATENÇÃO: Essa é uma história baseada em fatos reais.
Fernando Cintra perdeu a mãe aos três anos de idade. Foi criado pelo pai, que era alcoólatra. Sua infância foi normal. Seu pai sempre foi atencioso e carinhoso, mesmo embriagado, nunca bateu em Fernando.
“Meu pai foi a melhor pessoa da minha vida. Foi pai e mãe para mim. Era raro encontra-lo sóbrio, mas não fazia a menor diferença. Entornava uma garrafa de vinho, e mesmo assim, continuava o mesmo. Nunca arrumou confusão ou briga”.
Vendo seu pai beber com satisfação, e associando a bebida com algo prazeroso, Fernando não pensou duas vezes quando um amigo lhe convidou para tomar ‘umas’ cervejas. Tinha quinze anos. Como qualquer adolescente, achava-se maduro para beber.
“Bebemos seis garrafas de cerveja. Eu fiquei mais pra lá do que pra cá. Meu pai percebeu que eu estava bêbado quando cheguei em casa. ‘Vou apanhar’ pensei. Mas ele só me disse para não beber muito. Não deu importância ao caso. No dia seguinte, tive minha primeira ressaca, que foi terrível. Vomitei e fiquei com dor de cabeça o dia todo. Disse pra mim mesmo que nunca mais ia beber. Pura balela. Uma semana depois estava lá eu de novo bebendo”.
Com dezoito anos, Fernando matriculou-se no curso de geografia do CESUPA (Centro Universitário do Pará) em Belém. Para pagar as mensalidades, trabalhou como office-boy em um escritório de contabilidade.
“Andava o dia inteiro entregando boletos e fazendo cobranças. Por quatro anos, trabalhei de sol a sol, gastando a sola do sapato. O dinheiro que ganhava, mal dava para pagar a faculdade. Meu pai interava, e ainda me dava mesada para sair com os amigos. Gastava a mesada em festas e bares. Quando acabava a grana, pendurava a conta em bares amigos. No final do mês, ficava no vermelho pagando contas de bar”.
No último ano do curso de geografia, Fernando conheceu uma garota, que lhe tirou o sono. Maria era uma carioca que ele conheceu em uma festa da faculdade. Logo, os dois começaram a namorar e fazer planos para o futuro.
“Ela só me falava em voltar para o Rio de Janeiro. Prometi a ela, que um dia a levaria de volta para o Rio, onde viveríamos para sempre (...) Na época do namoro, sabia que ela não gostava de bebidas, tão pouco, que eu bebesse. Infelizmente isso não me fez parar. Não podia beber em bares conhecidos, onde meus amigos e os amigos dela freqüentavam. Tinha que beber em bares pequenos e às vezes, desagradáveis. Costumava beber além da conta, chegar em casa e apagar na cama. Percebi que estava ficando alcoólatra, quando acordava no dia seguinte, e já não tinha ressaca, e sim, vontade de beber mais”.
Com o diploma nas mãos, Fernando lecionou geografia em uma escola pública. Casou-se com Maria, em 1994. Estabeleceram-se em um pequeno apartamento de classe baixa. Dois anos depois, Fernando passou no concurso para professor de geografia na Universidade Federal do Pará.
“Simplesmente não acreditei quando vi o resultado. Era a oportunidade da minha vida. Contei a novidade para Maria, e corri para o bar mais perto”
De dia, professor de uma respeitada Universidade, depois do expediente, um alcoólatra. Fernando bebia todos os dias. Mas ele não se considerava um alcoólatra.
“Para mim, era normal beber cerveja, ou tomar uma dose de uísque depois de dar aulas. Era um momento de fuga e lazer. O que eu não percebi, é que quanto mais eu bebia, mais o meu comportamento mudava (...) Um dia, Maria me perguntou sobre aquela promessa de levá-la para o Rio, respondi que o Rio era o último lugar onde eu iria morar”.
Os desentendimentos entre o casal foram ficando intensos. A paciência de Maria, esgotava-se a cada dia. O final aproximava-se.
“Refeições em silêncio, olhares em fuga, sem beijos, sem carícias e sem conversas. Maria deitava-se na cama, e ao seu lado, não estava mais aquele cara que prometia levá-la para o Rio de Janeiro, para viverem na cidade maravilhosa. Ao seu lado, estava um homem bêbado e satisfeito com sua vida em Belém, que pensava que o Rio era cidade de traficantes e violência (...) Lembro como se fosse ontem, quando ela chegou com os papéis do divórcio. De longe, o pior dia da minha vida. Disse a mim mesmo ‘O que foi que você fez? seu idiota’. (...) Duas opções surgiram naquele dia, ou eu continuava a beber, ou parava ali mesmo, graças a Deus, escolhi a segunda opção (...) Curiosamente, hoje moro no Rio, e não bebo mais. Sou casado há dois anos com uma professora de dança. Quanto há Maria, ela ficou com a casa, e mora sozinha em Belém”.

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