Haroldo Barbosa
Nasceu na cidade de Rio de Janeiro em 21 de março de 1915. Foi um humorista, jornalista e compositor brasileiro.
Foi amigo de infância de Noel Rosa, Almirante, Braguinha e Araci de Almeida. Durante seus mais de quarenta anos de carreira artística ele realizou mais de trezentas versões para o português de músicas estrangeiras. Foi parceiro de vários compositores e escreveu peças e roteiros de programas humorísticos.
Na década de 40, enquanto trabalhava na Rádio Nacional e apresentava o programa Um Milhão de Melodias, escrevia também para o jornal A Noite. Seus primeiros textos humorísticos também apareceram nessa época em programas de rádio como Cavalgada da Alegria, Rádio Tambarra e Hora dos Amigos do Jazz.
Foi um compositor de grandes sucessos como Mesa de Bar, Isso não se Aprende na Escola e De Conversa em Conversa. Além da Rádio Nacional, passou também pela Rádio Tupi, onde escreveu várias rádionovelas, e pela Rádio Mayrink Veiga.
Em televisão, Haroldo Barbosa estreou em 1957 na TV Rio, passando depois pela TV Excelsior e finalmente pela Rede Globo. Participou das equipes de criação dos programas Chico Anísio Show, Noites Cariocas, O Riso É o Limite, A Cidade se Diverte, Times Square, Faça Humor, Não Faça Guerra, Satiricom e O Planeta dos Homens. Em quase todos os programas formou uma parceria muito premiada com Max Nunes.
Nasceu em Laranjeiras e mudou-se para Vila Isabel. Estudou no Colégio São Bento. Ainda em sua época de estudante, tocava cavaquinho em bailes promovidos em seu bairro.
Em 1933, empregou-se como contra-regra na Rádio Philips, onde também trabalhava seu irmão Evaldo Rui. Nessa função, participou do Programa Casé, no qual apresentavam-se os grandes nomes da época. O programa transferiu-se para a Rádio Sociedade, período no qual assumiu as funções de organizador da discoteca e locutor. Seu irmão Evaldo Rui também se consagrou na música popular como letrista, e sua filha Maria Carmem Barbosa é escritora e dramaturga, desenvolvendo trabalhos, especialmente na TV Globo.
Iniciou sua carreira no rádio, em 1933, na Philips, com César Ladeira, onde fazia de tudo: era contra-regra, locutor, produtor, discotecário. Depois de um período na Rádio Sociedade, passou a trabalhar na Rádio Transmissora, transferindo-se pouco depois para a Rádio Nacional, onde atuou como locutor esportivo. Na Rádio Nacional, desempenhou diversas atividades, entre as quais a elaboração do roteiro de "O grande teatro", de César Ladeira, um dos programas de maior sucesso do rádio na época. Foi também o organizador de uma orquestra sinfônica, composta por 68 músicos.
Sua carreira de letrista e versionista começou em meados da década de 1940, quando trabalhava na Rádio Nacional, em um programa estrelado por Francisco Alves. Com acesso fácil às mais recentes novidades musicais vindas do exterior, passou a fazer versões para que o Rei da Voz as cantasse em primeira mão. Dentre suas versões, destacam-se "Trolley song", "Poinciana", "Malagueña", "Adiós, pampa mia", "Uno amor", etc.
Em 1943, obteve sucesso com "De conversa em conversa", com Lúcio Alves, samba gravado por Isaura Garcia. Por volta de 1945, idealizou "A canção romântica" especialmente para o cantor Francisco Alves, programa que marcou e impulsionou a carreira do cantor. No mesmo ano, compôs a valsa "Lídia, a mulher tatuada", uma versão gravada pelo grupo vocal Os Trovadores; com Wilson Batista, compôs o samba "Cabo Laurindo", gravado por Jorge Veiga e com Janet de Almeida o samba "Eu quero um samba", gravado pelo grupo Namorados da Lua, que teve grande repercussão posterior, quando foi regravado pelo cantor João Gilberto. Pouco depois, passou a dirigir o programa "Um milhão de melodias", sucesso noturno da PRE-8 onde diversos artistas apresentavam-se interpretando versões de sua autoria para músicas de sucesso.
Dentre suas versões, destacam-se "Trolley song", "Poinciana", "Malagueña", "Adiós, pampa mia", "Uno amor", etc. Em 1946, compôs com Maria Grever, o bolero "Te quero, disseste", gravado por Francisco Alves na Odeon. Em 1947, destacou-se com os sambas "Adeus América" e "Tintin por tintin", ambas com Geraldo Jacques, sucessos lançados pelo conjunto Os Cariocas. "Adeus América" seria posteriormente consagrada a partir da regravação feita por João Gilberto. No mesmo ano, Isaurinha Garcia lançou com sucesso na RCA Victor com Os Namorados da Lua o samba "De conversa em conversa", parceria com Lúcio Alves. Da Rádio Nacional, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga, onde tornou-se responsável por diversos programas humorísticos. Nessa função, lançou os humoristas Chico Anysio e Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. Entre os sucessos por ele lançados na emissora, destacam-se "Esse Norte é de morte" "A cidade se diverte" e "Alegria da rua".
Em 1948 fez grande sucesso no carnaval com a marcha "Barnabé", parceria com Antônio Almeida, gravada na Continental por Emilinha Borba. Composta inicialmente para um número musical a ser apresentado no Cassino da Urca, a marcha foi cantada em dueto por Grande Otelo e Linda Batista em show dirigido por Chianca de Garcia. Com a chega do carnaval daquele ano e coincidindo com campanha salarial dos funcionários públicos, teve seus versos adaptados, retratando o servidor humilde e sempre individado: "Todo mês é descontado/Vive sempre pendurado/Não sai desse tereé".
Em 1951, compôs com Lúcio Alves o "Baião de Copacabana", gravado na Odeon por Alcides Gerardi e com Claudionor Cruz o samba canção "Falas de mim", registrado por Deo na Sinter. Em 1952, o samba "Mania de conversar", parceria com Geraldo Jacques, foi gravado pelos Vocalistas Tropicais. Em 1953, sua marcha "Foi um boi..." foi gravada por Pato Preto. Em 1954, lançou o samba "Joãozinho boa pinta", com Geraldo Jacques, gravado por Fafá Lemos na RCA Victor e fez a valsa "É o amore", versão para composição de Brooks e Warren, gravada por João Dias na Odeon. No ano de 1957, ingressou na televisão, tendo sido redator de alguns dos mais célebres programas humorísticos da TV, como o Chico Anysio Show, O Riso É o Limite e O Planeta dos Homens, ao lado de Max Nunes.
Em 1961, compôs o samba "Palhaçada", feito em parceria com Luís Reis, um de seus mais constantes parceiros. Samba que focaliza as desventuras de um rapaz que apesar de enganado e abandonado pela mulher admite aceitá-la de volta. Só no ano de 1961 teve 11 gravações, o que comprova seu sucesso. No entanto, a gravação de Miltinho na RGE foi a mais marcante. O cantor foi ainda responsável pelo lançamento de inúmeros sucessos da dupla, entre os quais "Só vou de mulher", "Devagar com a louça" e "Meu nome é ninguém". Em 1962, Miltinho lançou pela RGE o samba canção "Canção da manhã feliz" e o samba "Meu nome é ninguém", parcerias com Luiz Reis. Suas composições foram gravadas por grandes nomes da Música Popular Brasileira como Elizeth Cardoso, que registrou "Tudo é magnífico" e "Nossos momentos", Dóris Monteiro que gravou "Fiz o bobão" e ainda Aracy de Almeida e Nora Ney. Posteriormente, passou a trabalhar como produtor de programas humorísticos na TV Globo, atuando ao lado de Max Nunes, seu parceiro nesse tipo de programa desde o tempo da Rádio Nacional, mas nunca faltaria tempo para exercer sua paixão, o "turf", no Hipódromo da Gávea.
Em 1975, seu samba "Notícia de Jornal" parceria com Luís Reis, foi gravado por Chico Buarque em "Chico Buarque e Maria Bethânia ao Vivo". Em 1989, pouco antes de morrer, Elizeth Cardozo gravou, ao lado do violão de Rafael Rabelo, "Canção da manhã feliz", outra parceria com Luís Reis. João Gilberto tem incluído composições suas em muitos de seus discos, como a já citada "Adeus, América" e também "Pra que discutir com Madame", parceria com Janet de Almeida, entre outras.
Músicas
Adeus, América (c/ Geraldo Jacques) • Adiós muchachos • Adios, pampa mia • Amor • Baião de Copacabana (c/ Lúcio Alves) • Bar da noite (c/ Bidu Reis) • Barnabé (c/ Antônio Almeida) • Cabo Laurindo (c/ Wilson Batista) • Canção da manhã feliz (c/ Luís Reis) • De conversa em conversa (c/ Lúcio Alves) • Devagar com a louça (c/ Luís Reis) • É o amore (c/ J. Brooks e H. Warren) • Eu quero um samba (c/ Janet de Almeida) • Falas de mim (c/ Claudionor Cruz) • Fiz o bobão • Foi um boi... • Joãozinho boa-pinta (c/ Geraldo Jacques) • Lídia, a mulher tatuada (c/ A. Habure) • Malagueña • Mania de conversar (c/ Geraldo Jacques) • Meu nome é ninguém (c/ Luís Reis) • Moeda quebrada (c/ Luís Reis) • Não se aprende na escola • Nossos momentos (c/ Luís Reis) • Notícia de jornal (c/ Luís Reis) • Palhaçada (c/ Luís Reis) • Poinciana • Pra que discutir com madame (c/ Janet de Almeida) • Quando este nego chega • Só vou de mulher (c/ Luís Reis) • Te quero, disseste (c/ Maria Grever) • Tintim por tintim (c/ Geraldo Jacques) • Trolley song • Tudo é magnífico (c/ Luís Reis) • Uno
João Gilberto - Pra que discutir com madame?
Madame diz que a raça não melhora
Que a vida piora por causa do samba,
Madame diz o que samba tem pecado
Que o samba é coitado e devia acabar,
Madame diz que o samba tem cachaça, mistura de raça mistura de cor,
Madame diz que o samba democrata, é música barata sem nenhum valor,
Vamos acabar com o samba, madame não gosta que ninguém sambe
Vive dizendo que samba é vexame
Pra que discutir com madame.
No carnaval que vem também concorro
Meu bloco de morro vai cantar ópera
E na Avenida entre mil apertos
Vocês vão ver gente cantando concerto
Madame tem um parafuso a menos
Só fala veneno meu Deus que horror
O samba brasileiro democrata
Brasileiro na batata é que tem valor.
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